domingo, 13 de junho de 2021

A importância da diversidade na publicidade

Todas as campanhas que são criadas com a intenção de atingir um determinado público-alvo conseguem formar gostos, estabelecer padrões e ditar determinadas regras de forma implícita, diariamente. É por essa razão que a diversidade na publicidade é tão necessária atualmente


Gabriele Arcanjo
Fonte: personalmarketingdigital.com
Em: 31.05.2021


Infelizmente, a maioria das representações de pessoas e famílias que ainda são exibidas na publicidade não reflete o que é visto no mundo. Essa exclusão prejudica a representatividade da diversidade existente atualmente, uma vez que sem ela não existe visibilidade.

O número de empresas que estão começando a investir na inclusão da diversidade em propagandas cresce consideravelmente. Campanhas de marketing e publicidade que promovem a diversidade existente em nossa sociedade são indispensáveis para a desconstrução dos estereótipos pré-determinados, gerando uma oportunidade de reflexão e de debate na população atingida.

Durante muito tempo a publicidade seguia apenas um padrão social, exibindo em suas campanhas personagens e realidades que fogem do que é visto nas ruas do Brasil e do mundo. Nos últimos anos foi possível notar o crescimento dos movimentos de minorias que estão mostrando a importância de seus papéis na sociedade em busca de reconhecimento e valorização.

Para o Dia das Mães, em 2017, a empresa Johnson & Johnson lançou a campanha “Todo bebê é um bebê JOHNSON’S®, que se tornou viral na internet. Ela apresentava uma criança com síndrome de Down. Somente no Youtube, a propaganda já alcançou a marca de 13 milhões de visualizações.

Outro exemplo foi a campanha “Dia dos Misturados, da rede varejista C&A. A propaganda gerou discussão sobre a exibição da diversidade de casais que invertiam as suas roupas. Na descrição do vídeo, a loja conta que” existem infinitas formas de estar misturado”.

As propagandas de cerveja já foram muito conhecidas por conteúdos machistas, transmitindo mensagens que tratam a mulher como objeto. Para quebrar esse padrão, a Skol lançou a campanha “No Verão Skol, redondo é sair do seu quadrado, que estimula os seus consumidores a aproveitar a estação mais quente do ano onde estiverem, sem tabus e preconceitos.

Skol comemora fim do verão sem estereótipos com um brinde ao respeito.
Legenda:publicidadeecerveja.com

Bebê Johnson´s

Desde a década de 1960, o bebê Johnson´s é sinônimo de beleza e criança “bem cuidada”. Com a retomada da campanha, marca rompe paradigmas e inova conceito.

Se a empatia e a diversidade são necessidades gritantes para uma sociedade mais justa, equilibrada e saudável, as ferramentas mais poderosas de comunicação podem e devem ajudar nesta missão, incluindo a propaganda, que não pode mais se limitar apenas ao seu papel de vender produtos e serviços. Histórias poderosas e verdadeiras geram conexões sólidas e atingem a mente e o coração das pessoas.

A marca de produtos infantis Johnson´s e a agência DM9 parecem ter juntado esses elementos em sua mais nova campanha. A ideia é valorizar a diversidade e a forte ligação entre mãe e filho. Em tom emocional e delicado, o filme mostra partes de um bebê, olhos, pês, mãos e pele, destacando as descobertas que acontecem na vida da mãe quando um bebê nasce. Até revelar que se trata de uma criança com Síndrome de Down. Com poucos minutos no ar, a publicação já colecionava milhares de interações nas redes sociais, incluindo depoimentos emocionados.

"Para nós e para todas as mães, todo bebê é um bebê Johnson's"
Legenda: adnwes.com


Como a Fenty Beauty, marca da Rihanna, revolucionou a indústria da beleza

O lançamento da Fenty Beauty escancarou a importância do marketing inclusivo, com uma proposta que revolucionou o mercado de beleza. Sandy Saputo, Diretora de Marketing da Kendo Brands (que inclui a Fenty Beauty), compartilha os bastidores do lançamento.

“Quando mostramos o trailer da campanha da Fenty Beauty internamente, a emoção tomou conta da sala, que estava repleta de líderes executivas, incluindo eu mesma. Pela primeira vez, mulheres de culturas sub-representadas e pouco atendidas eram destaque em uma campanha de beleza com prestígio global.

Tínhamos ideia de que a marca tocaria os corações das mulheres do mundo todo, mas não com um impacto do tamanho que nosso trabalho acabou tendo. Não havia precedente: fomos radicais na proposta de inclusão. Rompemos e eliminamos todas as regras tradicionais do marketing ao ousar trilhar um novo caminho. Os resultados superaram todas as nossas expectativas.”

No primeiro ano do negócio, a Fenty Beauty se tornou o maior lançamento de uma marca de beleza na história do YouTube, conquistou grande sucesso comercial e foi considerada uma das melhores novidades de 2017 pela revista Time.

Marca da Rihanna, revolucionou a indústria da beleza.
Legenda: inkwithgoogle.com


Ninguém fica de fora
Desde o começo, nossa fundadora, Rihanna, se mostrou muito firme com a ideia de que ninguém deveria ficar de fora. Sua visão de "Beleza Para Todos" se transformou em nossa missão.

Lançamos a Fenty Beauty com 40 tonalidades de base, e hoje já temos 50. À época, não havia uma marca que realmente abrangesse todos, da pele mais clara até a mais escura. Alguns tons mais intermediários – como o meu, oliva – não eram plenamente atendidos pelo mercado. A inclusão, entretanto, ia além do número de tons lançados: era a nuance bem trabalhada de cada sombra, que também foi usada como sinal de que estávamos no caminho certo. Isso permitiu que muitas mulheres se identificassem com a marca, sentindo-se incluídas.

Modelo da Fenty Beauty
Legenda: allure.com

Deixe-as sem palavras: mostre 

Nosso sonho era criar o maior lançamento de marca na história da indústria da beleza. O resultado foi um movimento que mudou todo o mercado. O tipo de coisa que você só acredita quando vê acontecer de verdade. 

Nossa abordagem de marketing inclusivo sempre foi baseada em “mais ação, menos discurso”. Na verdade, não usamos a palavra “inclusivo” uma única vez sequer em nossas mensagens. Mas “inclusivo” foi como passamos a ser definidos tanto pelos consumidores como pela imprensa. O marketing, as mídias sociais e o time criativo priorizam e se envolvem nessa conversa diária com a comunidade Fenty Beauty.

A melhor maneira de romper com a ideia de marketing inclusivo é compartilhar histórias autênticas que tenham raízes na cultura e que sejam emocionalmente valiosas para seus consumidores”


Modelos da Fenty Beauty para mais de 40 tons de base. 
Legenda: allure.com

A imagem feminina na publicidade

Para se compreender a utilização da imagem feminina nas campanhas publicitárias, é preciso entender como a sua imagem foi empregada durante todos esses anos


Gabriele Arcanjo
Fonte: cepein.femanet.com
Em: 31.05.2021


A imagem feminina, durante toda a história, foi sempre relatada como uma figura de submissão ao homem (pais ou maridos), sendo totalmente excluídas a qualquer tipo de escolha ou opinião que poderiam ter, sendo destinadas apenas a afazeres domésticos e para a procriação. Pode-se concluir que as mulheres eram responsáveis apenas pelos cuidados do lar e dos filhos, tornando assim, este um espaço privativo delas, tendo em vista que era essa a posição feminina perante a sociedade durante aquela época. Este é um ponto fundamental para que se entenda a representação do gênero feminino durante os anos.

Por vários anos a imagem da mulher em propagandas era sendo retratada e explorada de forma intensa pela mídia, principalmente pela publicidade. Desde o começo, a publicidade já mirava na figura da mulher como objeto de consumo e produto de desejo em alguns segmentos. Nas propagandas de cerveja, não era diferente e isso pode ser visto em toda sua evolução. As peças publicitárias das grandes mídias, como a televisão, também ganharam este caráter de utilizar a imagem da mulher, retratando-a como objeto de desejo e consumo.

Para autora Flailda Brito Garboggini, a liberdade feminina ocorreu após as consequências dos movimentos feministas. Durante a década de 70, ocorreu o aumento dos números de estudantes do sexo feminino em todos os ensinos escolares, ampliando assim, a sua participação no mercado de trabalho. Segundo Garboggini (2003), durante esse período, as mulheres começaram a questionar a maneira como a publicidade estava expondo a sua imagem e a insistência em um “padrão” diante das suas propagandas, pois eram representadas como dona de casa ou símbolo sexual na publicidade. E que mais as revoltava era a utilização constante desses estereótipos, pois elas já estavam ocupando funções profissionais importantes, possuindo total responsabilidade em funções que antes eram somente representadas por homens.

Segundo a autora, a publicidade, a partir da década de 90, vem tomando novas tendências, em que a utilização de persuasão utilizada na década de 80 começa a dar espaço para a utilização do entretenimento em suas propagandas. Além disso, para a autora a forma como a publicidade representava a mulher da década de 90 até hoje nos anos 2000, vem mudando. Ela deixou de ser vista só como dona de casa para atuar em várias funções e profissões.


O lugar da mulher algumas décadas atrás.
Legenda: nodeoito.com



Budweiser recria para 2019 seus anúncios machistas dos anos 50


A era de ouro da publicidade nos Estados Unidos, nos anos 1950, pavimentou o caminho do marketing nas décadas seguintes e se tornou icônica por revolucionar o modo como um produto era vendido aos consumidores. São dessa época aqueles famosos anúncios com ilustrações de homens e mulheres em seus lares no melhor estilo "American Way Of Life" - estilo de ilustração que depois seria cooptado pela Pop Art de Andy Warhol e Roy Lichtenstein.

O problema é que os anos 1950 e 1960 da publicidade foram extremamente machistas, reproduzindo tipicamente o que era a sociedade daquele tempo. De frases como "Até uma mulher pode abrir isso?" até anúncios onde um homem bate em uma mulher ou a usa como tapete de sala. A publicidade vigente mostrava uma mulher submissa ao marido, obrigada a agradá-lo incondicionalmente entre suas inúmeras atribuições domésticas.

A fabricante de cerveja Budweiser decidiu recriar anúncios sexistas dos anos 1950 em 2019, mas para alguns se tornaram anacrônicos e ofensivos. No entanto, para a marca, parece que nunca é tarde para corrigir os erros do passado. A Budweiser, em parceria com a campanha #SeeHer (que luta pela representação adequada da mulher na publicidade), decidiu refazer as suas campanhas dos anos 1950, redesenhando anúncios e reescrevendo as frases de efeito.

Nas recriações da Budweiser, os cartazes onde apenas o homem bebia cerveja e a mulher estava ali para servi-lo integralmente foram recompostos na visão das artistas Heather Landis, Nicole Evans e Dena Cooper. Equidade e independência no lugar do machismo e da objetificação.

"Onde há vida, há Bud."
Legenda: lacriaturacreativa.com

Anúncio de 1958

Nesse caso, a frase foi mantida: "Onde há vida, há Bud". A diferença crucial está na imagem. Enquanto a vida com Budweiser nos anos 1950 era restrita ao homem (enquanto ele martela, a esposa serve a gelada), em 2019 a coisa é mais simples: o casal aprecia a cerveja junto.


"Ela descobriu que tem tudo"
Legenda: lacriaturacreativa.com

Anúncio de 1956

O anúncio original falava que a mulher havia casado com "dois homens" porque o marido sempre tem um "eu interior" e que uma maneira de o agradar era com uma Budweiser. Na imagem, o marido chega de viagem enquanto ela espera com uma grinalda. Na recriação de 2019, o anúncio diz "Ela descobriu que tem tudo". Esperando por ela, três amigas no bar. Afinal, nem tudo se resume a casamento.

Propagandas Antigas Machistas


O machismo na publicidade ecoou aos quatro cantos do mundo ao longo da história. Antigamente, os papéis na sociedade eram diretos: homem vai trabalhar, mulher cuida da casa. Produtos eram feitos e anunciados especificamente para as mulheres, neste caso, utensílios domésticos saíam na frente.

Quando produtos eram voltados para os homens, era nítida uma desvalorização da imagem feminina. Os produtos eram variados: bebidas, roupas masculinas e até armas

Cigarrilhas Tipalet - 1969

Veiculado em 1969 nos Estados Unidos.
Legenda: propagandashistoricas.com

Assopre a fumaça na cara e ela vai acompanhar você em qualquer lugar”.
Nos dias atuais, o anúncio das cigarrilhas Tipalet seria considerado não só incorreto como de mau gosto. Veiculado em novembro de 1969 nos Estados Unidos.

Casa das Cuecas (Dia dos Namorados) - 1982

Um apelo ousado feito pelos anunciantes.
Legenda: propagandashistoricas.com

“Dê para o seu namorado. Não deixe de dar para ele: temos mais de 500 artigos diferentes com etiquetas famosas e preços apaixonantes. Casa das Cuecas”.

Com duplo sentido totalmente descarado, a rede paulista Casa das Cuecas promovia os seus produtos para o Dia dos Namorados. Um apelo ousado e ao mesmo tempo divertido


Tomorrow's Lestoil - 1968

Imagem futurista e um título machista.
Legenda: propagandashistoricas.com

"A mulher do futuro fará da Lua um lugar limpo para se viver".

Desta vez, apresentamos o limpador Tomorrow's Lestoil que brinca com uma imagem futurista e um título machista:

A importância da diversidade na publicidade

Todas as  campanhas  que são criadas com a intenção de atingir um determinado público-alvo conseguem formar gostos, estabelecer padrões e di...