segunda-feira, 12 de abril de 2021

Mulheres e o padrão de beleza durante a quarentena

O isolamento social se tornou algo essencial para as mulheres em relação a aparência


Gabriele Arcanjo

Fonte: medium/lado-m.com

Em: 04.07.20


Fazer chapinha, usar maquiagem, tirar cutícula, depilar com cera. Esses são só alguns dos vários rituais de beleza que mulheres realizam, não apenas para se encaixarem num padrão de beleza pré-estabelecido, como também para se sentirem bem consigo mesmas.

Neste ano, vivemos uma realidade sem precedentes. O mundo enfrenta uma pandemia pelo novo Corona vírus e a principal recomendação das autoridades mundiais de saúde é o isolamento social. Sem poderem sair de casa, muitas mulheres deixaram esses rituais de lado, experimentando, quase que ironicamente, uma liberdade incomum nos dias normais.

Esse é o caso da comissária de bordo Isabela Veríssimo. Em sua rotina de trabalho, unhas, cabelos e maquiagem devem estar milimetricamente impecáveis: “Tem um padrão sobre penteados. O cabelo curto tem que estar na altura da gola da camisa. Para usar rabo-de-cavalo, precisa estar na altura do sutiã e, se for maior do que isso, só é permitido usar o cabelo em coque. E não pode ter um fio solto, se não tem reclamação.”


Foto cedida por Isabela Veríssimo
Imagem: 
medium/lado-m.com

Com o início da pandemia e a diminuição da quantidade de voos, ela tirou uma licença de três meses do trabalho. Em casa, Isabela interrompeu os rituais que costumava realizar todos os dias: “Para mim, também foi um momento para descansar. Eu faço isso todo dia, então cansa. O máximo que eu faço é arrumar o cabelo.”

Mas isso não significa que a sensação proporcionada por essa interrupção é boa: “É engraçado, porque às vezes, eu sinto falta. Há dias que eu me olho no espelho e penso ‘eu tô horrorosa’. Não me sinto bem por não estar arrumada. A gente foi ensinada que, para ser bonita, temos que estar maquiadas, com o cabelo arrumado, magras. Dentro de um padrão, mesmo.

Algumas mulheres aproveitaram esse período para reavaliar alguns desses costumes, como Camila Szmalko. Ela sempre tomou cuidados para que a pele parecesse mais “uniforme”, com o uso de maquiagem. Durante a quarentena em casa, a publicitária parou com o uso desses cosméticos.
“Comecei a valorizar algumas características da minha pele. Tenho um pouco de sarda e de vermelhidão e acho que são coisas que eu não vou mais buscar esconder no futuro. Antes eu pensava ‘vou sair, a obrigação é passar um rímel e arrumar a sobrancelha’. Hoje, acho que não faz tanta diferença. De vez em quando, te coloca um pouco mais pra cima, mas não sei se seria ainda uma obrigação.”

Cronograma de beleza na quarentena.
Imagem: segs.com

Mesmo sendo “livres” (e haja aspas) para fazer o que quisermos, nenhuma mulher parece verdadeiramente livre para existir com o seu corpo natural: sem interferências de cosméticos, alisamento, tintura no cabelo, depilação, rituais de skincare e até procedimentos cirúrgicos. Não é à toa que, só isoladas em casa, sem ninguém nos vendo, nos sentimos confortáveis para existirmos como somos.

Acabar com o padrão de beleza é algo não só revolucionário como utópico. É difícil imaginar todas as mulheres parando, para sempre, a realização desses rituais. Por ora, o que nos resta, é trabalhar como nos sentimos em relação a nós mesmas. No fim, o significado de “beleza” vai ser sempre complexo. Assim como é o significado de “liberdade”.


Filtros do Instagram modificam procura por procedimentos estéticos

O impacto dos filtros do Instagram associados á cirurgias estéticas na sociedade durante a pandemia


Gabriele Arcanjo

Fonte: diariodepernambuco.com

Em: 17.01.21


A nossa imagem nas redes sociais já faz parte indissociável da maneira como nos enxergamos. E essa nossa relação, através da tela e das redes sociais, só se intensificou com a pandemia, que trouxe as reuniões por vídeo de maneira intensa. Dentro dessa maneira de se mostrar e relacionar no virtual, os filtros para stories se tornaram mecanismos essenciais para "uma boa aparência": melhoram a pele, geralmente tornam o contorno de nariz mais delicado, emagrecem as bochechas e aumentam o tamanho da boca, por exemplo.

Segundo uma pesquisa da universidade americana de Boston Medical Center, os filtros para Instagram e a nossa relação com modificações das nossas imagens já têm sido gatilho para pessoas procurarem por procedimentos. Em alguns casos, os efeitos são potencialmente desencadeadores de problemas como Transtorno Dismórfico Corporal (TDC).


Filtros associados a cirurgias estéticas.
Imagem: noticiasaominuto.com


Quem trabalha no setor dos procedimentos estéticos viu alguns hábitos simples das redes se tornarem demandas por modificações. Hoje, já podemos dizer que esses desejos são uma realidade dos consultórios. Para a Dra. Palmyra Santa Rosa, cirurgiã-dentista e especialista em Harmonização Orofacial, o crescente número de pacientes em busca desses procedimentos faz parte de um movimento de padronização do atendimento estético. "A harmonização não é um padrão, mas uma opção de valorizar o que há de beleza em cada um. O problema dos filtros é que eles não têm limitações. Podem deixar qualquer pessoa 'bonita' de um jeito irreal", pontua.  

Essas novas demandas incluem modificações como pele mais lisa e sem manchas, nariz mais fino e a boca maior, sobrancelha mais arqueada. Mas segundo Dra. Palmyra Santa Rosa, a maioria dos resultados são impossíveis de serem alcançados, do ponto de vista ético e científico. "O formato do rosto, do ponto de vista ósseo, não é possível. As pessoas não conseguem se aceitar sem isso", critica. Se antes o padrão era algo distante e que existia somente na TV, agora muitos usuários têm se confrontado mais com desejos para aparência, quando se enxergam "diferentes" na tela do próprio celular. 

Dentro dos novos paradigmas da relação entre autoestima e likes nas redes, o desenvolvimento de transtornos como TDC tomam novas proporções. "As redes sociais produzem uma imagem corporal considerada socialmente perfeita. Em associação com esse transtorno, se tornou comum uma maior oferta de procedimentos estéticos e a procura desenfreada para se obter o corpo perfeito. Tudo isso em busca da aceitação social", explica a médica.


Manipulação da própria imagem através dos filtros.
Imagem: revistaoka.com.


Quarentena redefine o mercado de beleza

Durante a quarentena, muitas mulheres abandonaram práticas que faziam parte de sua rotina de beleza, como aquisição de produtos e serviços, como cortar e pintar o cabelo


Gabriele Arcanjo

Fonte: dcomercio.com

Em: 09.07.20


Com a necessidade de ficar mais em casa, as brasileiras têm tido cada vez menos tempo para si mesmas. Com as jornadas múltiplas ainda mais evidenciadas pela pandemia, houve uma alteração nas prioridades e desejos das pessoas. Isso impacta diretamente os hábitos e no cotidiano das consumidoras onde há um desequilíbrio entre o que elas estão fazendo e o que elas realmente gostariam de estar fazendo. No caso das mulheres que estão mais dedicadas aos afazeres domésticos e à educação dos filhos, falta tempo e disposição para uma rotina de beleza. E o mercado já sente esse impacto.


Criando rotina na quarentena: Mantenha a Calma.
Imagem: maesqueescrevem.com



Uma pesquisa MindMiners, empresa especializada em pesquisa digital, revela que, em média, nove produtos faziam parte dos cuidados diários das mulheres antes da pandemia, além de irem regularmente aos salões de beleza. Com a determinação da quarentena, elas mantiveram apenas o consumo de produtos de higiene básica - sabonete, xampu, condicionador e hidratantes e não modificaram os hábitos de compras desses itens. Ou seja, não mudaram de marca e canal de vendas, permanecendo dentro daquilo que já estavam habituadas.

De acordo com Flávia Franco, Head de pesquisa da MindMiners, a permanência desses produtos se deve ao fato de supermercados e farmácias terem a abertura priorizada durante toda a quarentena. 

O uso de maquiagem também mudou. Apenas 9% das entrevistadas disseram ter mantido o hábito de se maquiar durante a quarentena. Outras 29% declararam ter diminuído e 38% deixaram de usar maquiagem.  

Com os salões de beleza fechados, o faça você mesmo também virou moda entre as brasileiras. Cerca de 44% afirmaram ter parado de fazer as unhas, enquanto 43% passaram a fazer a própria unha.

Quem afirmou que irá diminuir o número de idas aos salões justifica que durante os últimos meses aprendeu a se cuidar melhor sem precisar gastar muito, passou a considerar esse tipo de gasto como supérfluo ou porque se sente mais confiante para se cuidar em casa.


Autocuidado na quarentena.
Imagem: falauniversidades.com

Flávia destaca que apesar da questão financeira ser citada no contexto da retomada desses serviços, chama atenção o volume de pessoas que passaram a valorizar o autocuidado. "Isso abre um leque para que as marcas passem a se conectar com essas consumidoras através de processos e produtos que a ajudem a se cuidar de uma forma mais prazerosa e prática", diz.

 

 

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Todas as  campanhas  que são criadas com a intenção de atingir um determinado público-alvo conseguem formar gostos, estabelecer padrões e di...