segunda-feira, 12 de abril de 2021

Filtros do Instagram modificam procura por procedimentos estéticos

O impacto dos filtros do Instagram associados á cirurgias estéticas na sociedade durante a pandemia


Gabriele Arcanjo

Fonte: diariodepernambuco.com

Em: 17.01.21


A nossa imagem nas redes sociais já faz parte indissociável da maneira como nos enxergamos. E essa nossa relação, através da tela e das redes sociais, só se intensificou com a pandemia, que trouxe as reuniões por vídeo de maneira intensa. Dentro dessa maneira de se mostrar e relacionar no virtual, os filtros para stories se tornaram mecanismos essenciais para "uma boa aparência": melhoram a pele, geralmente tornam o contorno de nariz mais delicado, emagrecem as bochechas e aumentam o tamanho da boca, por exemplo.

Segundo uma pesquisa da universidade americana de Boston Medical Center, os filtros para Instagram e a nossa relação com modificações das nossas imagens já têm sido gatilho para pessoas procurarem por procedimentos. Em alguns casos, os efeitos são potencialmente desencadeadores de problemas como Transtorno Dismórfico Corporal (TDC).


Filtros associados a cirurgias estéticas.
Imagem: noticiasaominuto.com


Quem trabalha no setor dos procedimentos estéticos viu alguns hábitos simples das redes se tornarem demandas por modificações. Hoje, já podemos dizer que esses desejos são uma realidade dos consultórios. Para a Dra. Palmyra Santa Rosa, cirurgiã-dentista e especialista em Harmonização Orofacial, o crescente número de pacientes em busca desses procedimentos faz parte de um movimento de padronização do atendimento estético. "A harmonização não é um padrão, mas uma opção de valorizar o que há de beleza em cada um. O problema dos filtros é que eles não têm limitações. Podem deixar qualquer pessoa 'bonita' de um jeito irreal", pontua.  

Essas novas demandas incluem modificações como pele mais lisa e sem manchas, nariz mais fino e a boca maior, sobrancelha mais arqueada. Mas segundo Dra. Palmyra Santa Rosa, a maioria dos resultados são impossíveis de serem alcançados, do ponto de vista ético e científico. "O formato do rosto, do ponto de vista ósseo, não é possível. As pessoas não conseguem se aceitar sem isso", critica. Se antes o padrão era algo distante e que existia somente na TV, agora muitos usuários têm se confrontado mais com desejos para aparência, quando se enxergam "diferentes" na tela do próprio celular. 

Dentro dos novos paradigmas da relação entre autoestima e likes nas redes, o desenvolvimento de transtornos como TDC tomam novas proporções. "As redes sociais produzem uma imagem corporal considerada socialmente perfeita. Em associação com esse transtorno, se tornou comum uma maior oferta de procedimentos estéticos e a procura desenfreada para se obter o corpo perfeito. Tudo isso em busca da aceitação social", explica a médica.


Manipulação da própria imagem através dos filtros.
Imagem: revistaoka.com.


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